quinta-feira, 16 de agosto de 2007

DESCULPA MAE, EU QUERIA SORRIR!


Oi mãe... Poxa, eu nunca imaginei falar isso a senhora, mas, eu havia apagado da minha cabeça a data do seu aniversario (17/08), e hoje está difícil sorrir!

É mãe, eu fiz isso porque eu quis, porque eu precisei fazer isso por mim. Foi egoísmo da minha parte, eu sei... Eu sei... Perdoa-me. Mas eu precisei fazer isso, até hoje. Mas daí o Tato veio e me pediu um favor, ele me pediu pra comprar para a senhora flores e leva-las no seu túmulo amanhã.

Bom, eu to aqui, tentando trabalhar, agora eu entendi o porquê eu não consegui me concentrar no trabalho a semana toda, porque inconscientemente algo me travou! A tua lembrança me travou, me fez ficar mais triste, mais manhosa, mais melancólica, me mesmo assim mãe eu ainda sorrio! Eu ainda mantenho minha calma, uma calma que inacreditavelmente eu ganhei depois que a senhora faleceu!

Estes dias eu estava falando pro pai que depois que a senhora se foi eu me tornei mais compreensível, paciente, menos irritada com as pessoas, mesmo porque as minhas irritações não iam me levar à lugar algum. Mas por outro lado eu me tornei mais medrosa, não medo de morrer, não é isso, mas hoje eu tenho mais medo da vida, do meu futuro, medo de me arriscar.

Também né mãe, a senhora sempre esteve por trás de mim me impulsionando a fazer as coisas, me incentivando, sempre me dizendo: tente e se não der certo a gente vai estar aqui pra te receber novamente. Eu era a flor do Pequeno Príncipe né mãe? A gente sempre achou que eu era uma pessoa dura de sentimentos, até eu acreditava nisso, e sabe, hoje eu percebo que eu não sou o que nós achávamos que eu era!

Mãe, eu não quero me mostrar sentimentalmente abalada, não é isso, mas tem dias que não da pra agüentar.

Eu já tinha pelo menos um mês que eu estava legal, me mantendo numa boa, não lembrando muito do caso, a senhora sabe o como eu apaguei rápido da cabeça tudo o que aconteceu: as noites mal dormidas, os dias sem comer, o som do aparelho respiratório daquela UTI, mas desde quinta passada pra hoje, parece que tudo isso invadiu minha mente, e hoje tudo explodiu!

Eu passei um bom tempo do dia com vontade de chorar, e em alguns momentos eu chorei, com raiva de estar chorando, mas eu chorei! Tive raiva de me sentir fraca, mas me senti.

Eu queria ser uma pessoa fria, mas eu não sou. Eu queria ser uma pessoa sem sentimentos, mas eu não sou. Mãe eu sou de carne e osso!

E amanha, eu que sempre achei que não seria mais necessário eu colocar os meus pés naquele cemitério, afinal de contas, pra mim a senhora não esta lá, mesmo porque: não está! Mas amanha coube a eu ir ao cemitério levar flores. Por um lado é legal porque a senhora sempre gostou de flores, mas por outro lado eu queria ver o teu sorriso ao recebê-las, e não ir lá e coloca-las em cima daquele cimento todo que forma o seu túmulo.

Que merda! Desculpa mãe, mas isso é uma merda! Isso tudo que a vida nos fez passar e está nos fazendo passar é uma grande de uma merda!

Mas eu vou la, eu vou me enfrentar e vou la, e eu quero que a senhora saiba sempre mãe:
TE AMO MUITO MAIS HOJE DO QUE EU PUDE TE AMAR ONTEM!

PARABÉNS PELOS TEUS 57 ANOS.

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